Assunção de Maria

Assunção de Maria

 
Frei Jacir de Freitas Faria, OFM
Autor do livro História de Maria, mãe e apóstola de seu filho nos Evangelhos Apócrifos


       Muitas cidades guardam feriado no dia 15 de agosto para celebrar o dia da Assunção de Maria. Qual o significado deste ato de fé para os cristãos católicos? Por que a Igreja transformou em dogma de fé a tradição popular sobre a assunção de Maria?
      É nos Evangelhos Apócrifos que encontramos a tradição sobre a Assunção de Maria. Três antes de morrer, ela recebeu o anúncio de sua morte por Jesus, no monte das Oliveiras. Em sua casa, em Jerusalém, ela dormiu, daí a tradição da Dormição de Maria. Jesus veio ao seu encontro neste momento. Ele pede aos apóstolos que prepare o corpo e o leve até um lugar indicado por ele, no Vale de Josafá. Quando ali chegam, eles depositam o corpo de Maria e se sentam à porta do sepulcro. Jesus aparece rodeado de anjos, saúda-os com o desejo de paz, reafirma a escolha de Maria para que dela ele pudesse nascer e pede aos anjos que leve a sua alma para o céu. Jesus ressuscita o seu corpo. Quando o corpo chega no céu, Jesus coloca a alma novamente no seu corpo glorioso e a coroa rainha do céu.
       A Dormição de Maria nasce da fé que Maria não morreu, mas dormiu. E por ter sido levada ao céu, assunta, nasceu a terminologia Assunção, usada a partir do séc. VIII. Esta festa começou a ser celebrada liturgicamente na Igreja do Oriente, no século VI, isto é, entre os anos 600 e 700, propriamente no dia 15 de agosto, a mando do Imperador Maurício. Em Roma, a festa chegou no século VII.
      O dogma da Assunção de Maria, diferentemente da maioria dos dogmas da Igreja Católica, foi proclamado recentemente, em 1950, pelo Papa Pio XII, com a bula Munificentissimus Deus. O texto diz o seguinte: “Definimos ser dogma divinamente revelado: que a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, cumprindo o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. 
       Mesmo que não esteja dito expressamente no dogma, a Assunção de Maria é o mais apócrifo dos dogmas. E ainda há de se considerar que nele está o triunfalismo da Igreja Católica, que se apóia em Maria para falar de sua glória e de seu poder. 
       Para a fé, acreditar que Maria foi assunta ao céu de corpo e alma significa crer que “Maria não precisou esperar o fim dos tempos para receber o um corpo glorificado. Depois de sua vida terrena ela já está junto de Deus com o corpo transformado, cheio de graça e de luz. Deus antecipou nela o que vai dar a todas as pessoas do bem, no final dos tempos”.
       Maria, por ter vivido a experiência amorosa de ser a mãe de Jesus, Deus que se fez carne no meio de nós, foi agraciada por Jesus como sendo a primeira pessoa, depois dele, a receber a glória da ressurreição. Nisto tudo está o amor maternal e filial de Deus Pai e Mãe de todos nós. Em Maria e com Maria vivemos a esperança de que também nós chegarmos lá. Ela foi, mas não partiu, pois continua próxima de nós. Ela é a nossa origem, é nossa mãe na fé, a qual queremos voltar sempre. Ela é desejo! Ela é mãe! Por isso, a queremos sempre. Caminhar com ela, na fé, é acreditar que também seremos assuntos ao céu. Antes, porém, devemos transformar nossa realidade de sofrimento, angustia, dores, exploração social em situações de vida, glória. A assunção começa aqui. Ave Maria, cheia de graça, rogai por nós...