Ser Mãe



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Ser Mãe Maria

 

Maria, rezada e cantada como Nossa Senhora e Mãe, é uma relíquia de fé, presente na nossa vida, herdade da tradição apócrifa. Maria é mãe. Mãe são todas as Marias.

Ser mãe envolve muitos sentimentos. A mãe está no filho que chora, ri, briga, apanha, vence, sonha, perde, frustra… A mãe está em todas as fases de sua vida. Ser mãe é viver a vida sem etapas, nas etapas da vida do filho. O filho é quase uma extensao da mãe.

Ser mãe é quando o filho lhe diz: mãe, você é uma chata! Mas, no fim do dia, ele lhe entrega um bilhete dizendo: “Mãe, eu te amo”. Filho e mãe se encontram na vida. Por isso, quando já crescidos e o sofrimento bate em nossas portas, ainda gritamos como a criança insegura: “Eu quero minha mãe!” Mãe é algo que nunca se esquece. As mães podem até ser substituídas por outras mães que a vida nos presenteia, mas nunca será como aquela que nos gerou. Só quem já entregou para Deus-Mãe a sua mãe sabe o quanto dói a ausência daquela que lhe deu a vida.

Ser mãe é não ter armas para atirar contra o filho, pois o amor a desarma sempre. Mãe é aquela que impõe limites ao filho, pois sua experiência lhe ensinou que o mundo tem limites. O filho tem que aprender a lição cedo, pois senão o mundo o devorará violentamente. E quantas mães sofrem por saber que, apesar de terem ensinado esta lição ao filho, a droga do mundo o tragou.

Ser mãe não é padecer no paraíso, mas é amar e aceitar os limites da vida. É viver no paraíso da vida, aqui e ainda não, no mistério de Deus que se encarnou no meio de nós no seio de uma mulher, Maria-Mãe.

Ser mãe de um filho adotivo ou de um gerado no seu próprio seio é a mesma coisa. O instinto maternal está na mulher. Ela tem maior preocupação com os filhos. Verdade, no entanto, é que a mãe viúva de marido vivo sofre duas vezes para realizar o seu instinto maternal.

Ser mãe é a coisa mais maravilhosa do mundo!, dizia-me um mãe: “Uma mulher, mesmo que não casasse, mãe ela deveria ser. É uma experiência que não tem explicação!”

Ser mãe é sinônimo de noites maldormidas, quando o filho chega. É dias e noites inteiras na preocupação com o filho adolescente.

Ser mãe é ensinar, educar amando e impondo limites. Ser mãe é errar na lida com os filhos. É reconhecer o seu limite de educadora. Ser mãe é ver seu filho na droga e na prostituição, sem nada poder fazer. O filho decidiu por isso. O que fazer? Nada e tudo!

Ser mãe é ter que trabalhar fora para sustentar o lar. É chegar em casa e também ter que trabalhar. É não ter descanso. Graças a Deus que os novos homens já partilham o trabalho doméstico. Isso também é ser mãe.

Ser mãe Maria é parecer com Maria, outrora mãwe de Jesus, e ainda hoje mãe de tantos jesuses que padecem como filhos, que vivem no calvário de uma vida sem fim.

Ser mãe é também não aceitar perder o filho já crescido, que por força da natureza há de seguir outros caminhos para gerar outras vidas.

Mãe é mulher. Mulher é mãe, nascida para gerar a vida e perpetuá-la. Pode parecer machismo dizer assim, mas fomos nós, os homens, que reduzimos a magnitude de ser mãe a uma cama, uma cozinha e uma casa. Sem a mulher, todas as Evas, geradoras de vida e mães da vida, a vida não existiria no meio de nós.

Existem mães santas e mães pecadoras. Minha mãe é santa. Ela sofre e ama. Ela não mede esforço para estar com Deus. Na sua piedade, ela reza o terço todos os dias. Deus é sua força! Tem l´pa os seus erros e “cabeçudisses”, mas quem não tem. Ela governa  a casa com sabedoria. Ela enfrenta a dor, a doença com uma força que só poderia vir de Deus. Ninguém duvida. Ela bebe da fonte perene de vida maternal, Deus.

Maria viveu como mãe de Jesus. Ela amou, sofreu, teve fé, aceitou os mistérios de Deus em sua vida… Ser Mãe Maria é continuar a vida na inspiração de Maria, modelo de santidade, construída no sofrimento e na alegria de ter gerado Jesus no seu seio. É ser mãe plenamente.